O que seria um cateter para quimioterapia?
- Dr. Alexandre Kanas
- 23 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Os quimioterápicos são medicamentos rotineiramente usados no tratamento do câncer. Grande parte desses medicamentos são administrados em alguma veia, em múltiplas sessões. Assim, é bastante vantajosa a presença de um dispositivo que permita essas múltiplas infusões.

Antes de tudo, o que é um acesso venoso?
Quando vamos ao pronto socorro por algum motivo e precisamos receber qualquer medicamento "na veia", é feita uma punção dessa veia, configurando um "acesso venoso", que nada mais é do que um tubo que permite um acesso fácil ao vaso.

Periférico x Central
O acesso venoso mais comum é o periférico, ou seja, em uma fina veia, normalmente do braço.
No entanto, alguns medicamentos são irritativos e podem lesar a parede dessas finas veias, necessitando de troca constante e, consequentemente, de novas "picadas". Tais medicamentos podem ser administrados em veias mais calibrosas, normalmente mais próximas do coração, conhecidas como veias centrais. Essas veias são mais resistentes, não precisando ser "trocadas". Dentre elas, a mais comumente escolhida é a veia jugular, que é uma veia no pescoço.
Cateter tunelizado
Por funcionarem como uma conexão entre o sangue e o meio externo, os cateteres acarretam em um risco aumentado de infecção. Nesse sentido, para reduzir a chance dessa complicação, foram desenvolvidos cateteres especiais, que, após saírem de dentro do vaso, percorrem um trajeto abaixo da pele, antes de se exteriorizarem. Associado a isso, costumam apresentar um "cuff", que é responsável por induzir uma fibrose ao redor do cateter nesse trajeto abaixo da pele, dificultando a progressão de bactérias para a corrente sanguínea.

Cateter totalmente implantável
Parte dos cateteres tunelizados ainda apresentam sua extremidade distal fora da pele, o que, além de aumentar o risco de infecções, pode incomodar o paciente e ter um efeito estético negativo. Assim, foram criados dispositivos acoplados a um pequeno reservatório, que também fica embaixo da pele e serve como local para acesso, permitindo infundir medicamentos de maneira fácil, evitando o sofrimento com tantas picadas em um momento em que o paciente costuma estar fragilizado física e psicologicamente. Esse cateter é conhecido como Portocath (ou Port-a-cath). O local mais comum para inserção desse reservatório é na porção superior do tórax.
Implante do cateter
O cateter é inserido por um procedimento simples, rápido e seguro, geralmente realizado com anestesia local, podendo ser feita leve sedação (medicamento para dormir).
O paciente costuma ter alta no mesmo dia e o cateter já pode ser usado assim que for implantado!
Na maioria das vezes, os cateteres não são visíveis, ficando apenas um leve abaulamento na pele.
Uso e cuidados com o Portocath
Além de permitir a infusão de medicamentos, esse cateter implantado abaixo da pele pode ser usado para hidratação (administração de fluidos, como soro fisiológico), para o paciente receber transfusões, para dieta parenteral (líquido nutritivo inserido diretamente na veia, em pacientes que não conseguem se alimentar por algum motivo) e mesmo para coletar exames de sangue.
Em períodos em que o cateter não é utilizado com frequência, ele precisa de uma manutenção simples: deve ser lavado com soro fisiológico mensalmente, reduzindo o risco de oclusão.
Tempo de uso e retirada
O cateter pode ficar inserido por uma longo período (por volta de 5 anos). Geralmente, se mantém o cateter no paciente até o fim do tratamento quimioterápico, sendo que muitas vezes até um tempo após, para o seguimento do tumor por um período de segurança, de modo que ele possa ser usado rapidamente caso ocorra uma recidiva do tumor.
Quando o cateter não é mais necessário, ele pode ser facilmente retirado, com um procedimento ainda mais simples que o da sua colocação.
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